domingo, 28 de março de 2010

... mulheres que estao longo tempo lá.

Como parte de nosso trabalho em prisoes comecamos esta semana um projeto de dramaterapia com 8 mulheres na prisao Feminina da Capital - em Carandiru....Funcionarias do presidio nos adjudicaram um grupo de mulheres que estao longo tempo lá, e que nao estao maduras para ser acolhidas no regime semiaberto. Todas brasileiras.

Pensamos que seria um bom ritmo, uma vez por semana, maximo 90 minutos por sessao. Toda quarta feira por dois meses, e depois avaliamos. Esta quarta foi a primeira vez. Atravessamos todas as grades, junto com a asistente social. E chegamos tras varias portas de ferro a uma sala com cadeiras, a escola..
Lá, foram entrando elas........entre 21 anos e 55 anos.
Ante a pergunta delas, de porque viemos, trouxemos nossa experiencia pessoal com a dramaterapia, a qual nos trouxe um sentido maior de vida, da alegria de viver e do bemestar com o corpo; parece que elas entenderam bem o que queriamos dizer.

Só deu no fim para trazer alguns jogos e um conto...um conto da criacao, aonde tudo comecou...um conto dos pigmeos da Africa. Iam entrando, umas curiosas, outras desconfiadas, outras fechadas, mas todas pesadas, e serias. Durante os jogos se crio um clima de descontracao, de leveza, e de alegria.

Antes de tudo isto eu, tinha uma expectativa que ia desde o temor, a curiosidade ou satisfacao....Quem seriam estas mulheres, que estao em prisao tanto tempo? , que nao conseguem passar os testes por nao saberem a dimensao de seus atos?....como foi sua infancia, ? Como foi suas vidas? Quando estava frente a frente delas, vi tambem criancas malqueridas, medrosas, abandonadas.. Apesar de saber que elas estavam la porque tinham feito algo errado, tambem sabia que seu ser nao se ressumia a esse ato, e era a esse ser que tinhamos que apelar em todo momento....Esse ser e o unico que pode retomar a vida desde um ponto de vista diferente, mas construtivo para elas e para os outros....”
texto de Amparo del Moral