sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O que tem a ver conosco?

Este ano por três vezes fomos à prisão de Itaí. Uma imensa estrutura de cimento, um bunker no meio de uma bela natureza, perto da represa de jurumirim. Nos jardins do redor da prisão, crescem rosas, crescem ingênuas, a despeita do que acontece lá dentro.


Depois de atravessar uma grande área com muitas salas direcionadas ao aparelho burocrático, e recebidos muito amavelmente por a equipe de saúde, entramos nos recintos da prisão, no meio a forte segurança. Nos ofereceram uma sala pequena com grades, a escola, único lugar aonde poderíamos realizar as sessões de dramaterapia com um grupo de alemães.


A grande maioria dos presos aqui confinados são “mulas”, transportam drogas de um pais a outro. Mas, quando ficamos mais perto descobrimos que cada um tem um passado, uma historia. Historias truncadas de vida, que ninguém sabe quando nem como poderão ser retomadas.


Que os leva a entrar numa “espelunca” desta? Necessidades, dívidas, desejos, sonhos inalcançáveis ou simplesmente aventura?


Aqui estão doze homens antes técnicos, comerciantes, engenheiros, cozinheiros, vendedores.... Agora todos entram numa única categoria, “criminosos”. Esta marca lhes acompanhara durante muito tempo, inclusive depois de cumprir pena. È um estigma difícil de deletar numa sociedade como a nossa que está desejando encontrar culpáveis para tirar o corpo fora de algo que infelizmente somos todos culpáveis.


Todos nós criamos uma sociedade falsa, doente, aonde o valor primo é o dinheiro, o poder e a aparência.


Através desta experiência, e através deles, termino este ano, ficando mais perto do que é verdadeiramente humano, e com a certeza de que só uma justiça que realmente restaura, que educa, que valoriza o humano, a dignidade como valor “ sine quanum “ poderá mudar algo nesta sociedade. Autora: Amparo

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