Renate,
presa em uma penitenciária feminina no Brasil quer compartilhar conosco essas palavras pessoais:
Vida significa, superar obstáculos e, quando necessário, derrubar muros construídos por nós mesmos.Vida significa, sentir alegria no coração e transmiti-la na forma de amor, para sermos felizes através da felicidade do outro.
Vida significa, descobrir a beleza do mundo, se integrar em sua evolução harmônica, conservá-lo e utilizar a sua força respeitosamente.Vida significa, fazer o bem em seu caminho, pois tudo que semeamos tem como consequência aquilo que iremos colher amanhã.
Vida significa, moldar a sua personalidade, aprender com seus erros, ter experiências para encontrar o verdadeiro caminho e nele permanecer. Vida significa, ser um amigo verdadeiro, oferecer confiança e honestidade e sempre manter a sua palavra.
A vida é um prazer quando se sabe aproveitar o momento.
A vida é bela quando se aprende a ver a sua beleza.
Renate Zeh
pastorwolf
Bem-vindo! Você mesmo esteve preso numa prisão? Você conhece pessoas, amigos ou parentes que foram ou ainda estão na prisão? Você quer falar sobre isso? Sinta-se livre para participar e se informar, para compartilhar alegria e dor. Compartilhe suas idéias pessoais. Escreve para "Pastor Wolf, Rua Verbo Divino, 392 Santo Amaro, 04719.001 Sao Paulo, SP, Brasil. Envie um e-mail para wolflauer@ymail.com
terça-feira, 15 de novembro de 2011
terça-feira, 7 de junho de 2011
“... e aqui algo mais que me faz pensar”
Carta recebida da Prisão Feminina do Carandiru, São Paulo
O homem vive do espírito
e não do corpo.
Quando ele toma consciência disso
e transporta a sua vida para a alma e não para o corpo,
aí, então, vocês poderão acorrenta-lo atrás de grades de ferro:
ele sempre será livre.
(Leo Tolstoi)
Sobre Tolstoi “Espírito ou corpo – corpo ou espírito?”
Porque eu fiz isto? Porque vim parar aqui? Pergunta idiota!? Espírito ou corpo? Dinheiro fácil! Resposta idiota, ou não tão idiota!? Se eu pelo menos tivesse escutado minha voz interna, não estaria aqui. Ela me disse para eu não fazer, que não ia dar certo. Foi o meu espírito ou o meu corpo, ou ambos, que falaram comigo? E eu, então, decidi pela barriga. Espírito ou corpo? Bem, agora estou aqui, presa!
Em mim desabrochou uma flor!
No caminho para o trabalho vejo plantas maravilhosas, não plantadas pela mão humana, com flores lilás reluzentes. Não. Elas vieram com o vento ou no bico de algum pássaro, crescem para cima dos muros do presídio e em todos os lugares. Olho para elas e esqueço por alguns minutos os muros que me prendem, que me fazem prisioneira. Os meus muros internos que me prendem com necessidades corporais como o ciúme, a inveja, o ódio, o desejo de apropriação, preconceitos, etc... Mas estes sentimentos não começam no espírito? Corpo ou espírito?
Quando olho para as flores esqueço por alguns minutos os muros. Sinto em mim a força, a paz. Sinto em mim a beleza no espírito e no corpo. Sinto a força do espírito, do Espírito Santo que me penetra e a mim se manifesta. Que está em mim e em todos os homens. E eu me sinto livre atrás das grades. Por minutos esqueço o quanto de saudades eu sinto da minha família, dos meus amigos, que não querem mais ter contato comigo porque menti para eles. Porque eles não conseguem compreender como é que eu fui fazer isso. Me dói na alma não poder abraça-los! Alma? Imortalidade! Espírito ou corpo? Vou vê-los novamente. Sou forte. O espírito em meu corpo é forte. O Espírito Santo em mim me torna forte. Saber disso e crer nisso me torna livre, livre atrás das grades. E a fé move montanhas. E também a mim!!!!
Autora: Gabriele
PS: Me interessaria saber o que outras pessoas pensam sobre isso. Me escrevam, por favor. Obrigada.
PS: Me interessaria saber o que outras pessoas pensam sobre isso. Me escrevam, por favor. Obrigada.
Sob o símbolo do arco-íris – Um comentário “interno”
“O deserto –
um arbusto
uma sarça
que arde –
Incandescente – Paixão!
“Eu queimei por ti”
“Aquilo que arde em mim,
não me destruirá.
Ira incandescente
ou paixão em chamas
ou culpa que queima.
Deus, Tu estás aqui.
Aqui é um lugar sagrado. Agora.
Porque Tu estás entre nós.”
Carta de Torsten
“Conforme prometido, pensei um pouco sobre o texto bíblico do livro de Êxodo, capítulo 3, versículos de 1 a 12. (Nota do redator: Velho Testamento, vide texto abaixo). Para mim, o texto contém a seguinte mensagem:
“Uma aliança com Deus”
A aliança entre Deus e o homem é diferente da aliança entre seres terrenos, na qual ambos os parceiros têm os mesmos direitos. Na aliança com Deus, é sempre Ele que dá o tom, Ele escolhe os seus parceiros para que estes coloquem em prática e anunciem as suas bênçãos. Através de pequenos milagres Deus dá aos seus parceiros a fé e a força para a realização de suas obrigações desta aliança.
O sentido da aliança está na cumplicidade entre Deus e o homem. A aliança com Deus é uma aliança de amor; não pode haver amor sem reciprocidade. Deus promete seu apoio enquanto houver fidelidade na aliança. Este apoio de Deus dá a mim, pessoalmente, a esperança e a força para superar situações difíceis atuais e futuras.
Além disso, somos lembrados praticamente todos os dias através de um arco-íris no céu da nossa aliança com Deus. Eu creio nisso, assim como eu creio no amor.
Com carinho,Torsten
Text: Exodus 3: 1-12
Um dia em que Moisés levava a pastar os rebanhos de Jetro seu sogro, sacerdote de Midiã, nos confins do deserto perto de Horebe, o monte de Deus, apareceu-lhe o anjo do Senhor numa chama de fogo dentro de uma sarça. Moisés reparou no fogo e verificou que o fogo não consumia a sarça. Aproximou-se para ver o que era e Deus chamou-o:
“Moisés! Moisés!""Pronto! Aqui estou!" "Não te aproximes. Tira os sapatos, porque estás a pisar uma terra sagrada. Eu sou o Deus dos teus antepassados, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacob."Moisés escondeu o rosto nas mãos, porque teve receio de olhar para Deus! O Senhor continuou: "Tenho visto a aflição do meu povo no Egipto, e tenho ouvido os seus clamores sob a opressão dos que os tiranizam. Por isso venho livrá-los dos egípcios e tirá-los dali para uma belíssima e vasta terra, uma terra em que jorram o leite e o mel, onde habitam os cananeus, os heteus, os amorreus, os perizeus, os heveus e os jebuseus.
Sim, o choro do povo de Israel tem subido ao céu até mim, e tenho visto as duras condições de vida com que os egípcios os oprimem. Assim vou enviar-te a Faraó para que lhe peças que te deixe levar o meu povo para fora do Egipto." "Mas eu não sou a pessoa indicada para tal!", exclamou Moisés. Deus insistiu: "Eu estarei seguramente contigo. E a prova de que sou eu próprio quem te envia será o seguinte: Quando tiveres levado o meu povo para fora do Egipto havereis de adorar Deus aqui mesmo, nesta montanha."
PS: O culto deveria ser celebrado sob o símbolo de um arco-íris.
“Conheço lugares especiais.
Peregrino de um lugar para outro.
Minha cidade natal.
Meu local de aprendizado, minha escola.
Cume em terreno montanhoso
São Paulo – Alemanha – São Paulo
Estão ligados à minha vida de maneira especial...
Localidades de natureza especial.
E, por fim, a paixão de Deus por mim?
Amor que não vacila, um porto seguro para mim?”
Perguntas em aberto de uma “Peregrina”
Inge
Textos pelos presos e presas da penitenciária Itaí, e pelos membros da Igreja da Paz durante um culto em Santo Amaro / Sao Paulo no dia 13/02/2011. Todos os textos (exeto o texto da bíblia) traduzidos do alemão por Bia Hennig
http://luteranos.com.br/santoamaro/
http://luteranos.com.br/santoamaro/
sexta-feira, 13 de maio de 2011
Conta teu conto …
A SACOLA
Fiquei sempre escondida, pois meu genitor estava em prisão.
Ele tinha entrado lá quando ainda era muito jovem, cheio de energia, e a única forma que tinha para preencher o tempo era me fazer. Assim eu fui surgindo, cada dia um pouco mais. Ele usou muitos retalhos, alguns deixados por outros detentos. Assim eu tinha varias cores e texturas, mais principalmente eu tinha as vivências de quem me fez; quando ele sentia opressão, meu ponto era mais apertado, quando ele foi se liberando dessa opressão meu ponto era mais folgado e leve, e eu podia respirar em fim. Cada dia, cada ano colocava um botão, um bordado, um pedaço de papelão escrito, todo era possível. Ele e eu éramos quase uma coisa só.
Quando ele cumpriu pena, saiu, e eu fui com ele. Foi a primeira vez que vi a luz do sol.
Nunca imaginei que isso ia acontecer um dia. Até esse momento eu sempre me senti querida, eu era seu objeto mais precioso, dentro daquele lugar. Mais quando ficou livre, ele começou a ter outros muitos objetos e eu, logo foi abandonada. Assim eu senti por primeira vez a solidão.
Mas minha vida continuou. Logo fui encontrada por um velho pescador e ele me usava para guardar todos os apetrechos de pesca. Em sua casa ele me pendurava no gancho da sala ao lado da lareira, um lugar bem gostoso e quentinho. Ele acostumava ao entardecer se sentar lá para contar historias a seus netinhos.
Eu, que tinha já escutado tantas historias, quando estava lá na cela aonde nasci!! As historias de vida dos condenados me preencheram tudo esse tempo, agora as historias de fadas me aconchegavam....
Ao amanhecer, João, meu novo dono me pegava e ia comigo a jogar as redes, no vasto mar sem fim. Neste momento se me permitia de novo ver a luz do sol, e eu tinha de novo, o gosto de liberdade que foi sempre meu anseio.
Fiquei sempre escondida, pois meu genitor estava em prisão.
Ele tinha entrado lá quando ainda era muito jovem, cheio de energia, e a única forma que tinha para preencher o tempo era me fazer. Assim eu fui surgindo, cada dia um pouco mais. Ele usou muitos retalhos, alguns deixados por outros detentos. Assim eu tinha varias cores e texturas, mais principalmente eu tinha as vivências de quem me fez; quando ele sentia opressão, meu ponto era mais apertado, quando ele foi se liberando dessa opressão meu ponto era mais folgado e leve, e eu podia respirar em fim. Cada dia, cada ano colocava um botão, um bordado, um pedaço de papelão escrito, todo era possível. Ele e eu éramos quase uma coisa só.
Quando ele cumpriu pena, saiu, e eu fui com ele. Foi a primeira vez que vi a luz do sol.
Nunca imaginei que isso ia acontecer um dia. Até esse momento eu sempre me senti querida, eu era seu objeto mais precioso, dentro daquele lugar. Mais quando ficou livre, ele começou a ter outros muitos objetos e eu, logo foi abandonada. Assim eu senti por primeira vez a solidão.
Mas minha vida continuou. Logo fui encontrada por um velho pescador e ele me usava para guardar todos os apetrechos de pesca. Em sua casa ele me pendurava no gancho da sala ao lado da lareira, um lugar bem gostoso e quentinho. Ele acostumava ao entardecer se sentar lá para contar historias a seus netinhos.
Eu, que tinha já escutado tantas historias, quando estava lá na cela aonde nasci!! As historias de vida dos condenados me preencheram tudo esse tempo, agora as historias de fadas me aconchegavam....
Ao amanhecer, João, meu novo dono me pegava e ia comigo a jogar as redes, no vasto mar sem fim. Neste momento se me permitia de novo ver a luz do sol, e eu tinha de novo, o gosto de liberdade que foi sempre meu anseio.
amparo
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